Como fazer caber em 1h
Algo que toca tão fundo a alma
Essa semana dei uma aula particular de yoga para uma pessoa que está começando a praticar. E mesmo sendo professora e dando aulas em turma semanalmente há cinco anos, eu não conseguia organizar a aula.
Parei com todas as minhas apostilas, cadernos, anotações, e mergulhei em tantas lembranças boas, voltei a momentos tão transformadores, e me reconectei com conhecimentos tão puros que me perdi nas horas. Fiquei até o dia escurecer lendo e relembrando tantos ensinamentos.
Ao reler minhas anotações, vi o quanto, a cada ano, pequenos hábitos foram transformando a minha vida, hábitos que eu não tinha ideia de que poderiam existir antes de começar a praticar yoga e que hoje estão na minha rotina sem eu perceber.

Pra mim, é natural levantar cedo, raspar a língua, beber água morna em jejum, meditar, praticar alguns asanas e fazer mobilidade, e então começar o dia. Se o trabalho me exige ficar muito na frente do computador, estico o tapete no chão e me alongo. Respiro mais profundamente quando vejo que a respiração encurta. De noite, janto cedo sempre que possível, e evito mexer no celular antes de dormir. Alongo mais um pouquinho pra dormir sem as tensões do dia.
Essa transformação começou a partir de uma primeira aula de yoga. Uma aula que me tocou. Que me fez voltar. Uma aula que reverbera até hoje em mim, no meu estilo de vida, na minha rotina, no meu trabalho.
[E como acender essa faísca do yoga em alguém?]
Ao reler minhas anotações, me deparei com a responsabilidade - e as borboletas na barriga - de apresentar o yoga a uma pessoa mais uma vez. Me conectei com a Jade aluna da formação nos idos 2019, querendo saber de tudo, anotando tudo. E me vi, naquele momento de criação da aula particular, querendo falar sobre tudo. Cada variação de cada ásana. Cada mobilidade que reflete lá na fáscia. Cada mudrá. Cada pranayama.
Pensei em diversas sequências. Em explicar porque a gente vira pro lado direito ou esquerdo na hora de se dar um abraço no final de cada prática, porque quando a gente puxa o braço assim, reflete lá no pé, o quanto a alimentação interfere no yoga, o porquê de nos conectarmos com a lua ou de não fazer invertida sobre os ombros quando estamos menstruadas. E queria encaixar tudo isso em apenas uma hora. Segura coração.
[Surgiu uma sensação no peito parecida com o que sinto quando estou entre amigas e começa um assunto que quero muito falar sobre, mas são tantas amigas na roda e alguém mais tá falando e tem que dar espaço pra todo mundo falar e eu fico mordendo a mão pra segurar aquela vontade, e quando falo sai tudo bagunçado porque é muita emoção - alguém me entende? Ou já chega de mate por hoje?]
Repeti pra mim mesma que era pra fazer o básico, lembrando que era uma aula de muitas, que eu não precisava querer falar tudo de uma vez. E fui pra aula, rezando pros pensamentos intrusivos yogues não tomarem conta (às vezes, rezar não funciona, vide foto acima).
Eu provavelmente falei bastante e me empolguei na sequência de ásanas, mas também provavelmente deixei transparecer a minha alegria de estar, naquele momento, falando sobre uma das coisas que eu mais amo na vida.
Não sei o que exatamente, mas deu certo. Entreguei para o universo, pedi para os mestres nos guiarem e a aula fluiu. E a aluna ficou bem, leve e alongadinha. Dever cumprido. E próxima aula marcada.
Vou passar por esse turbilhão nas próximas aulas? Com certeza. E que bom. Que bom sentir que algo toca tão fundo a alma desse jeito, que não dá vontade de parar de falar sobre.
Quando aconteceu de eu me tornar profe (o que não era minha ideia inicial ao fazer o curso, mas sim aprender mais antes de ir pra Índia, que ainda nem fui), meu maior desejo era que mais pessoas sentissem o que eu sentia ao estar no tapetinho. Que cada pessoa com quem eu tivesse o privilégio de compartilhar yoga, descobrisse o seu ritmo, o seu estilo, a sua verdade dentro e fora do tapete, e sentisse os incríveis benefícios dessa prática na sua vida.
Acho que esse é um bom caminho a seguir. Entre primeiras ou tantas vezes. Falante ou mais quietinha. Mas sempre feliz, honrada e grata por ser uma ferramenta pra expansão do yoga.
Como esse texto chega aí? Puxa a cadeira, prepara o mate e me conta: o que te toca de forma tão profunda?
Carinhosos e alongadinhos *ruídos de mate*,
Jade
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tão bonito ver alguém que se encanta sendo professora ❤️ me vi em muito que você escreveu, mesmo dando aula de coisas tão distantes! 🥰